Editorial de Junho – 2025

 

Editorial de Junho – em adenda ao anterior

25 de Junho 2025 – 50 anos de Independência de Moçambique

50 anos ficando na lista negra dos países pobres da ONU!

 

Relembrando o 25 de Junho de 1975….

Parece ontem! Tendo vivido um dia tão intenso e esperado!

Me encontrava na Missão de MUIANE, Localidade do Posto Administrativo do Alto Ligonha, Distrito de Gile, Província da Zambézia, como Missionário do Sagrado Coração. Todo o mundo esperava por este dia mesmo viendo ainda uma vida, denominada “colocial”, onde a presença sobretudo comercial dos colonos era muito forte e enraizada. Apesar de tantos comportamentos ambíguos, se convivia com eles e havia no campo um certo respeito e serviços recíprocos. Para eles era canalizado todo o produto exedentário e a comida e outro material era adiantado com cadrneta antes das colheitas. Em suma, a diferença das cidades capitais, onde a atmosfera de intolerância era acentuada e os contrastes, sobretudo de direito à educação, no campo se convivia serenamente e o “Mulungo” era respeitado.

Mas, para mim, que vinha duma experiença de luta e de direito à indipendência, tendo bem vivido os momentos de intolerância com a PIDE, seja em Portugal como em Nampula, preso e maltratado por eles no aeroporto de Nampula, como se fosse a Polícia, a Sernic e a UIR hoje, a tentativa de me matar em Pebane por defender a causa de Moçambique,...  o momento de Declaração de Indipendência era muito desejado... e não se esperava outra coisa!

Naquela manhã, juntamente com o meu empregado, Carlos, surdomudo, mas especialista de limação de pedras semipreciosas, a tormalina e água marinha, que abundava nas Minas de Muiane, veio comigo agarrando duas bandeiras de Moçamique e com o carro 4x4, saimos e demos volta a todas as 32 Comunidades espalhadas em todo o Posto Administrativo do Alto Ligonha, digo 32, sendo o némero das comunidades que juntamente com a população local frequentavam as capelas rurais e nelas estavam organizadas as Associações rurais, às quais dávamos assistência técnica e financeira. Havia um verdadeiro conúbio entre as comuniades cristãs rurais e as comunidades todas.

Viajamos por todo o lado e cada vez que encontravamos pessoas na rua ou nos postos de venda, agitávamos as bandeiras, gritando que já eramos indipendentes e com punho fechado elevado... em proximidade das lojas, porem, com a presença dos comerciantes Portugueses... logo em vez de levantar o punho, comprimentavamos com a mão como sinal de cumprimento e com um sorriso... desta forma, saiamos de situações negativas que podiam ocorrer... e depois duma corrida de todo o dia... voltado para a casa, cansado e alegres.

A grande novidade foi que o Carlos, que no meio do caminho tinha bebibo um pouco e tinha ouvido tantos gritos da população... Chegando em casa,,,, grito ele mesmo, “viva a Frelimo”. Fiquei assustado e admirado! Como foi possível que um Sudomudo podesse falar depois de um ano de convivência de silêncio e de sinais? Infelizmente, depois daquele grito tudo volto ao silêncio o nosso relacionamento!

Fechando esta história pessoal que vivi intensamente, sinto vontade de refletir, depois de 50 anos de vida moçambicana, sobre a situação em que nos encontramos!

Relembro que no acto da Indipendência escrevi uma Carta-Conselho a Samora Machel para que a governação tivesse uma inspiração e imitação com os grandes lutadores da America latina, que depois de ter derrotado os  ditadores, não pretenderam entrar numa governação dirigida por militares e deram abertura para que houvesse uma governação democratica e com participação de todas as forças e tendências políticas.

O pedido não foi aceite, como aliás aconteceu e está acontecendo ao longo deste todos anos nos Paises africanos. A condução política, dirigida por militares sempre vai fracassar e apesar das proclamações democraticas... sempre permanece neles a sede do poder e os propositos iniciais proclamados se tornam frageis e dificieis a aplicar.

Contudo, vivemos as várias etapas da revolução, das nacionalizações, da criação de empresas estatais, da saida da maioria dos colonos, bons e maos, e coletamos uma série de decades em vista do Desenvolvimento de Moçambique.

A Sociedade civil tomou peso com a lei do Associativismo e a propriedade privada começou a ter peso com a Lei da Terra; as empresas privadas tiveram acesso a grandes oportunidades no Pais e aumentaram dia a dia as escolas e as universidaes... .até chegarmos a ter hoje mais de 125.000 estudantes universitários espalhados em todo o pais. Pensar que no ano 1975, antes da Indendência havia somente um de raça negra na Universidade....!

Vivemos todas as experiências da luta do apartheid e da Libertação de Mandela e da sua grande e democrática Governação. Vivemos de perto todo o processo de indipendência do Zimbabwe e dos altos e baixos da sua governação.

Após 50 anos, algo cresceu, apesar das grandes crises que todas estas fases tiveram. Surge então uma pergunta:

Como é que Moçambique depois de tanto tempo permanece sempre nos ultimos degraus dos paises em desenvolvmento segundoa carta das Nações Unidas?

È verdade é que todos os Paises estão em fase de Crescimento....e portanto estivemos no terceiro ultimo posto e continuamos assim... mas Moçambique teve e tem uma montanha de resursos que os outros paises não têm... E então?

Tudo se relaciona à Capacidade de Governação!

O Partido Único não dá, que, apesar dos lados positivo demonstrados nos primeiros anos de Governação, criou um estado autocrático e dominante.

A permanência duma elite política com ideias e hábitos antigos não dá, que apesar da estima que todos tinhamos deles, criou uma Dependência e proselitismo grande, abafando qualquer nova ideia de governação.

A Centralização de todos os poderes em todos os sectores da Sociedade Moçambicana fomentou somente a corrupção e o Lambetismo, sem que outras forças e dinâmicas sociais e empreendedoras pudesse aportar contributo grande para o crescimento social e económico no Pais.

Em suma, mesmo agradecendo a todos os que de boa vontade deram contribuição positiva ao crescimento do País,

É tempo de mudar,

É tempo de democratizar verdadeiramente o Pais e torná-lo competitivo e moderno.

È tempo que a boa Vontade dos Governantes deve ser activa e concreta.

É tempo que a participação activa de todos é extemamente importante e todos devemos sentir o beneficio desta participação.

 

É tempo que vivamos em todas as esferas sociais e políticas, num clima de VERDADE!

_________________________________________________________________

 

Um abraço forte, 

Domenico Liuzzi,

Director Nacional da KULIMA.

LegetøjBabytilbehørLegetøj og Børnetøj