Fundada em 1984 em Maputo, a KULIMA, Organização Não Governamental (ONG) moçambicana, celebra quatro décadas de luta incansável ao lado dos mais vulneráveis. KULIMA, que significa "cultivar a terra", surgiu com o objetivo de desenvolver o setor agrícola e melhorar as condições de vida das populações rurais, onde a pobreza é mais severa. Com o passar dos anos, a sua atuação expandiu-se também para as áreas da saúde, da água e do desenvolvimento social, sempre em contato direto com as comunidades que mais necessitam de apoio.
Ao contrário de muitas organizações internacionais que operam à distância, a KULIMA se orgulha de ser uma ONG enraizada no terreno, presente nas regiões mais remotas de Moçambique, onde a presença do Estado é muitas vezes escassa ou inexistente. Seus técnicos de campo, de perfil modesto e profundamente conhecedores das condições locais, trabalham lado a lado com os beneficiários, compreendendo suas necessidades e realidades. Estes não são burocratas de escritório que produzem relatórios sofisticados sem nunca terem pisado no solo árido do interior do país; são homens e mulheres comprometidos com o trabalho direto, conhecendo a terra e as pessoas de forma íntima.
O trabalho da KULIMA, no entanto, está longe de ser fácil. Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, com infraestruturas frágeis e um governo que luta contra a corrupção endêmica. Nos últimos dez anos, as desigualdades sociais dispararam, com a taxa de pobreza saltando de 35% para 65% da população. A elite política e econômica do país, ligada a estruturas partidárias manipuladas pelos poderosos, enriquece-se à custa do povo, enquanto a maioria da população enfrenta a miséria.
A KULIMA tem enfrentado imensos desafios no campo, desde a falta de infraestruturas básicas, como estradas e sistemas de transporte, até a resistência de poderes locais e regionais que, por vezes, dificultam o acesso a áreas onde a ajuda é mais necessária. Mesmo assim, a organização nunca recuou. As dificuldades diárias de trabalhar num contexto de extrema pobreza são compensadas pela determinação de fazer a diferença, oferecendo alternativas sustentáveis e soluções práticas às comunidades que sofrem com a fome, a doença e a falta de água potável.
Apesar das dificuldades, a KULIMA continua a ser uma luz de esperança para milhares de moçambicanos. O seu compromisso em criar um futuro melhor para as populações rurais e desfavorecidas é inabalável. Com os seus 40 anos de existência, a organização reafirma a sua missão de "cultivar" não apenas a terra, mas também a esperança e a dignidade humana, num país onde os mais poderosos frequentemente esquecem o povo.
Enquanto as celebrações pelo seu aniversário continuam, a KULIMA olha para o futuro com resiliência, sabendo que, mesmo num ambiente político e econômico adverso, o verdadeiro desenvolvimento vem do chão, da terra e do coração das pessoas que, como eles, acreditam na mudança real.