Editorial de Junho
O Mundo da Cooperação Internacional
Duma prestação de serviço colaborativa a uma atitude de “Patrão”
Quanta saudade dos tempos passados, quando um Doador Internacional procurava prestadores de serviço humanitário em benefício das Comunidades mais vulneráveis e com vontade de crescer num ambiente mais saudável.
As ONGs locais, conhecedores da vida do Campo e com longa experiência técnica e social no Desenvolvimento rural por cada manifestação de interesse, respondia com toda a vontade e realizavam programas sustentáveis e que ficavam na memória das comunidades locais, como marco duma vontade comum de desenvolvimento!
Realizaram-se programas de apoio às comunidades afectos pela destabilização social originada pela Guerra civil;
Realizaram-se programas de desenvolvimento rural, dando ênfase ao aumento da Produção e da Produtividade com a garantia de produção em todo o ano, facilitando a luta contra a desnutrição.
Realizaram-se programas de Luta contra o HIV-SIDA e outras doenças endêmicas, criando uma nova consciência de como enfrentar estas doenças e transmitindo esultados positivos paa as novas gerações.
Realizaram-se programas de micro-finanças, garantindo uma miriade de grupos solidários que com o conceito de poupança davam uma garantia de crescimento social e económico para as classes mais pobres.
Realizaram-se programas de Defesa Ambiental com acções de reflorestamento e repovoamento dos mangais e aplicações de Leis do Governo que obrigam os investidores privados a colaborar com as suas responsabilidaes sociais no investimento.
Realizaram-se programas de promoção das camadas mais viulneráveis: a Mulher, a rapariga, os Jovens e as Crianças procurando sempre uma continuidae deste tipo de acções humanitárias.
Realizaram-se programas de Água e Saneamento de modo a garantir a “àgua para todos” considerando que Moçambique é um País que pode ter àgua suficiente para todos… e modificar e assumir novos hábitos de saneamento familiar e comunitário.
Realizaram-se programas de aplicação dos recursos energêtivos introduzindo nas familias e Comunidades instrumentos inovativos, como foi o caso da reintrodução dos moinhos de vento, da introduçõ dos paineis solares, das bombas a energia solar, e dos micro-sistemas de distribiçãode água.
E todos estes programas sempre foram realizados com todas as regras administrativas e financeiras, com Monitorias e Avaliações periódicas, com envolvimentos dos beneficiários directos e com a colaboração de especialistas em materia de desenvolvimento, oferecidos pelos Doadores para melhor realizar programas, fruto de imitação das melhores práticas espalhadas no mundo da Cooperação para o Desenvolvimento.
Em suma, os Doadores e seus representantes intermediários, sentiam os problemas que afectavam as classes mais pobes e necessitadas de apoio, viviam de perto as problemáticas do subdesenvolvimento e lutavam connosco para um crescimento acelerado e integrado em vista duma mudança radical da situação de pobreza!
MAS, a partir dalguns anos, me refiro sobretudo aos grandes Doadores, a situação de colaboração foi desmoronando e tornado-se sempre mais absurda e sem ânimo social. Toda a cooperação é dominada pela grande preocupação financeira, por aceitar na realização de progamas sociais e de desenvolvimento somente quadros qualificados e com Master, como se tratasse de concursos para catedras universitárias ou jurídicas…. Ou empreendimentos de construção civil.
Os temas da Promoção da Mulher, da Luta contra Pobreza absoluta e contra a desnutrição, da defesa da Rapariga, da luta contra o analfabetismo, da inserção do jovens na vida laboral, da defesa ambiental e da sustentabilidade social e económica das comunidaes mais vulneráveis, entre outros, são TEMAS e permanecem sem grande interesse por parte dos Doadores… dominando porém forte a grande máquina de controle financeiro, que determina e ocupa totalmente a atenção deles.
A tudo isso junta-se uma outra atitude, considerada absurda por parte de todos os que realizam programa de desenvolvimento no campo, e são os procedimentos de desembolso de fundos.
O que isso comporta?
Pagamentos de emolumentos, pagamentos de garantia bancárias, anticipação de fundos por parte das ONGs nacionais e devolução dos fundos antecipados somente depois da monitoria no terreno e constatação do uso corresto dos fundos, sujeitos à não acetação de parte dos valores.
Disso resulta que
- cada ONG nacional, uma vez aceite a proposta de colaboração, deve antecipar todos os fundos de cada tranche e ser reembolsado somente depois dum mínimo de 5 a 6 meses de atraso, previa aceitação de todas as facturas apresentadas!
- cada ONG nacional, deve por força ter um capital grande, caso contrário deve recorrer à emprestimos bancarios com juros, não reembolsáveis!
Em suma se acumulam os riscos de adiamento de actividades, pagamentos de salários atrasados, incapacidade de manter um ambiente saudável… com permamentes riscos de inflação e de perdas de fundos, sempre a favor da ONG Nacional... e ao mesmo tempo com acumulo de fundos não utilizados que tornam a favor do Doador que se encontra com fundos para outras oportuniddes de “exploração”.
E tudo isso, em nome da santa dedicação dos Doadores, sempre disponíveis a ajudar o País pobre que necessita de tudo para crescer e sair da Pobreza absoluta, devolvendo todas as culpas às ONGs Nacionais, debeis de executar Programas sustentáveis!
É uma autêntica vergonha de comportamente da Cooperação internacional!
Precisa desmascarar tudo isso e voltar aos tempos de estima recíproca e de colaboraçao conjunta entre Doador e executor de programs de desenvolvimento rural integrado!
Precisa que haja um comportamento igual de estima e serviço entre os Doadores e os executores de programas sejam eles nacionais ou internacionais!
Precisa ouvir de novo as ansiedades das comunicades beneficiárias e dar a elas a capacidade de crecer valorizando todas as suas próprias forças!
Aliciar e engajar todos, sobretudo os Jovens, na mesma causa de desenvolvimento!
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Um abraço forte,
Domenico Liuzzi,
Director Nacional da KULIMA.