Editorial de Janeiro 2023

A Verdadeira parceria entre ONG’s internacionais e ONG’s Nacionais, entre Organismos Internacionais e ONG’s Nacionais

Um compromisso a ser assumido entre todos em vista do ano 2030, termo dos ODS/UN.

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Deve acabar o conceito que as ONG’s Internacionais estão mais preparados e podem trabalhar sozinhas no mundo da Cooperação, mantendo os seus privilégios de serem mais auscultados pelos Doadores, relegando às ONG’s Nacionais as migalhas da Cooperação!

 

Deve acabar que a maioria dos Programas de Emergência seja confiada às ONG’s Internacionais, devido è diferentes fatores sociais, como se a solução dos problemas não fosse uma prioridade das ONG’s Nacionais e Organizações locais.

 

Deve ser fortalecido o conceito e a convicção que as ONG’s Internacionais são facilitadores de busca de todas as soluções para ultrapassar os estados de emergência e criar as condições de desenvolvimento local…. E para tal, devido a melhores conhecimentos, possam serem assumidos como formadores dos quadros locais e nunca serem substitutos dos mesmos!

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Gostei muito das conclusões elaboradas pelas ONGI’s da Somália que em plenária, assumiram em sintonia com os ODS 2030 uma mudança radical de atitude nos trabalhos de cooperação e são as seguintes as conclusões que tenho vontade de apresentar!

 

 

Dias atrás, em Outubro 2022, um conjunto de ONG’s internacionais, prévia uma análise profunda de todas as atitudes e compromissos assumidos no campo da Cooperação, elaborou UM COMPROMISSO DE MUDANÇA - PLEDGE FOR CHANGE (P4C) 2030, www.pledgeforchange2030.com que tende a modificar radicalmente as constante atitudes individualísticas e de supremacia das mesmas nos programas de Cooperação!

 

Eis os pontos fortes da reflexão emitida pelo conjunto das ONG’s Internacionais!

 

A Covid, os conflitos e as mudanças climáticas concentraram a atenção nas desigualdades do mundo como nunca antes.

Como líderes de organizações não-governamentais internacionais (INGOs), estamos trabalhando com organizações nacionais e locais em todo o mundo para um futuro mais justo em que todas as necessidades das pessoas sejam atendidas e seus direitos garantidos, os governos cumpram suas responsabilidades e a sociedade civil se fortaleça!

Para conseguir isso, precisamos construir um ecossistema de ajuda mais forte baseado nos princípios de solidariedade, humildade, autodeterminação e igualdade.

A ajuda deve funcionar de forma mais eficaz para aqueles a quem se destina a ajudar e refletir os desafios que o mundo enfrentará no futuro. Isso significa criar parcerias genuínas com organizações locais e nacionais e governos e transferindo mais poder, tomada de decisões e dinheiro para aqueles em locais afetados pela crise e pobreza. Somente por meio de tais parcerias eliminaremos qualquer dependência de ajuda e continuaremos a construir a força das comunidades que nos esforçamos para apoiar.

Os melhores resultados são alcançados quando as pessoas em suas comunidades lideram a tomada de decisões.

 

Nosso compromisso é o resultado de um processo sem precedentes de um ano convocado pela Adeso, uma organização humanitária e organização de desenvolvimento na Somália, na qual os líderes das ONGI’s do Norte Global prestaram atenção aos desafios, às suas formas de trabalho daqueles baseados no Sul Global. A promessa se baseia em anteriores compromissos assumidos pelo nosso setor, por exemplo, a Carta para a Mudança e o Grande Barganha, em busca dos Objetivos Globais acordados pelos líderes mundiais em 2015. Embora essas iniciativas se concentrem no papel das ONGs internacionais, o compromisso enfatiza o papel a ser desempenhado pelas organizações locais e os direitos, necessidades e prioridades das comunidades locais.

 

Estamos comprometidos em acelerar mudanças reais.

 

COMPROMISSO 1: PARCERIAS EQUITATIVAS

• Parcerias equitativas serão nossa abordagem padrão até 2030. Organizações nacionais e locais liderar os esforços humanitários e de desenvolvimento sempre que possível. Vamos ajudá-los a assumir o controlo e nos engajaremos diretamente apenas quando não houver capacidade nacional ou local suficiente para atender às necessidades das pessoas.

• Onde não há parceria ou estamos respondendo a uma emergência, encontraremos maneiras de trabalhar com organizações nacionais e locais na primeira oportunidade. Nós os apoiaremos enquanto eles assumem o controlo, tomando uma decisão. Onde quer que trabalhemos, nosso objetivo amplo é incentivar uma empresa mais resiliente, independente, e sociedade civil diversificada que trabalha em verdadeira solidariedade com as organizações internacionais.

• ONGs internacionais que competem por fundos, instalações e talentos podem involuntariamente enfraquecer a sociedade civil nos países onde atuamos. Nos próximos anos, alocaremos mais recursos para ajudar organizações locais a assumir a liderança. Trabalharemos em parceria com eles para garantir que eles se beneficiem da nossa presença.

• Compartilharemos o fardo dos custos de forma a tornar nossos parceiros mais fortes e sustentáveis.

• Adotaremos uma abordagem mais colaborativa ao gerenciamento de riscos. Evitaremos aplicar riscos e requisitos mais rigorosos para nossos parceiros do que nós mesmos e procurar maneiras de minimizar a carga de conformidade em parceria.

 

COMPROMISSO 2: CONTAR HISTÓRIAS AUTÊNTICAS

Algumas das histórias que contamos e as imagens que as ilustram reforçaram estereótipos prejudiciais.

Faremos as seguintes alterações:

• Continuaremos a mostrar as duras realidades da pobreza, conflito, fome e desastres naturais porque

as crises humanitárias não devem ser higienizadas. Mas evitaremos imagens exploradoras que retratem pessoas como vítimas indefesas. Daremos crédito aos parceiros onde for devido.

• Reforçaremos os esforços para tornar todas as nossas narrativas éticas e seguras, com base no consentimento informado e representação precisa. Vamos amplificar as histórias que as pessoas querem contar em vez de apenas falar sobre seu nome. Preservaremos a autenticidade de uma história durante todo o processo editorial, desde a reunião de palavras e imagens para edição, produção e publicação.

• Vamos parar de usar palavras incompreensíveis que confundem nosso público, nossos colegas e as comunidades onde trabalhamos. Usaremos palavras simples que podem ser facilmente traduzidas do inglês ou francês para diferentes idiomas e prontamente compreendidas por todos.

• Usaremos linguagem e imagens para inspirar uma mudança cultural mais ampla. Co-produzimos histórias, fotografias e vídeos com organizações e talentos locais. Sempre que possível, colocaremos pessoas locais no centro da história.

 

COMPROMISSO 3: INFLUENCIANDO MUDANÇAS MAIS AMPLAS

Avançaremos com os nossos objetivos explicando o compromisso para nossa equipe, colegas, apoiantes e doadores e exortando-os a apoiar e se juntar a nós.

• Nossos líderes anunciarão publicamente a promessa, explicando aos colegas, doadores, filantropos e setor privado por que decidimos mudar a forma como trabalhamos e como vamos fazê-lo.

• Defenderemos que essas mudanças sejam feitas em todo o setor de ajuda e desenvolvimento e criaremos oportunidades para os líderes do Sul Global liderarem conversas e defenderem mudanças em público.

• Falaremos contra qualquer política governamental ou ação internacional que perpetue uma abordagem de ajuda e desenvolvimento.

• Acompanharemos nosso progresso na implementação do Compromisso de Mudança 2030 e o reportaremos publicamente para mostrar aos funcionários, apoiantes, parceiros e o sistema de ajuda global que estamos ‘fazendo o que dizem’.

• Compartilharemos o que aprendemos e demonstraremos como estamos transferindo poder e recursos para o Global South com o objetivo de encorajar outras ONGI’s a seguirem o exemplo.

 

Se estes compromissos forem assumidos por parte dos Organismos internacionais e das ONG’s Internacionais…

  • Vai mudar radicalmente a vida da cooperação. 
  • Vai mudar radicalmente a vida da cooperação.
  • Vai diminuir drasticamente o uso da língua inglesa, se não banida!
  • Vão mudar as estruturas mentais supersofisticadas que se refletem nos documentos a redigir! E todo o conjunto de relatórios exigidos, que levam uma montanha de tempo precioso para o serviço nas Comunidades.
  • Vão dar mais confiança à liderança africana e local.
  • Os expatriados vão se tornar verdadeiros colaboradores, facilitadores e formadores na realização de programas de emergência e de desenvolvimento.

Quando tudo isso?

 

 

Esperemos que a sensibilidade e a coragem de assunção de compromissos por parte das ONG’s Internacionais que operam na Somália, possa espalhar noutros cantos do Mundo, mas sobretudo em Moçambique, onde se vive num ambiente praticamente ”Colonial” 

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Um abraço forte, 

Domenico Liuzzi,

Director Nacional da KULIMA.

 

 

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